terça-feira, outubro 31, 2006

O povo português

“... o povo português, perfeitamente orientado, com uma estratégia clara, é um trabalhador tão válido como qualquer outro. Por isso, julgo que muitas vezes, os problemas da falta de competitividade não são da responsabilidade do trabalhador. São mais dos que têm de pensar e pensam erradamente.”
Manuel Aguiar
Director-Geral da Mondial Assistance

quarta-feira, outubro 25, 2006

Renault Espace

Há alguns meses atrás fiz ½ dúzia de quilómetros à pendura num monovolume Renault Espace, da anterior geração. Na altura ficou-me a saber a pouco, mas rapidamente percebi que era uma belíssima viatura.
Troquei impressões com a minha esposa sobre o assunto e ficámos de um fim de semana alugar um, para irmos dar uma volta ao Alentejo ou ao Algarve.
O tempo passou e por motivos vários (comodismo, entre eles) nunca satisfiz a minha curiosidade.
Na semana passada, um casal amigo que são do Porto mais as suas 2 filhas vieram a Lisboa para assistirem a um concerto. Uma das filhas queria também ir conhecer o Palácio da Pena em Sintra.
Pensei: eles são 4, nós somos 3, total 7. Aquí estava o pretexto ideal para não protelar mais o aluguer da viatura. Fomos à Europcar e após um choradinho da minha mulher, na 6ª à tarde lá estava um Renault Espace cinzento, 2.2DCI com cerca de 6.000 Km; i.e., quase novo à nossa espera.
Durante todo o fim de semana fiz cerca de 500 Km.
Silencioso, hiper-confortável, espaçoso, com uma visibilidade impressionante, uma capacidade de re-aceleração assinalável.
É impressionante a forma airosa como passa por cima dos buracos das ruas de Lisboa.
Outra particularidade que me fascinou é a capacidade de mudar a posição do veículo na estrada. Parece que estou a conduzir o Smart da minha esposa. Uma direcção leve e precisa.
Caixa de 6 velocidades, que permite manter uma velocidade de cruzeiro explêndida em auto-estrada.
Que maravilha de automóvel! Parecia que andava de TGV!
A impressão com que tinha ficado nos poucos quilómetros à meses atrás, confirmou-se.
Pena, pena é que seja Renault. Os plásticos do tablier não são “grande espingarda”. A funcionalidade da chapeleira, não está de acordo com as qualidades dinâmicas do veículo.
Quando cheguei a casa após entregar a viatura, tive que voltar a pôr a cadeirinha da minha filha no meu Honda CRV. Se em termos dinâmicos, não há qualquer comparação, em termos de acabamentos (plásticos) também não, mas aqui em favor do meu automóvel.
E quanto a fiabilidade? Teria sempre grande dificuldade em passar um cheque de 10.000 contos, para adquirir este automóvel.
Que pena não ser produzido pela Toyota!

terça-feira, outubro 24, 2006

Minha esposa

Eu adoro a minha mulher.
É para mim muito difícil de explicar o que sinto por ela.
Estar com ela, conversar com ela,...., olhar para ela, enche-me o peito por dentro. Parece que me metem uma palhinha no peito e começam a soprar, soprar. A sensação é tão deliciosamente boa, que infelizmente o vocabulário português ainda não inventou a palavra que possa descrever tal sensação.
Como eu adoro tal criatura!
Que Deus me dê o previlégio de viver mais uns anos para continuar a ser feliz, amando a minha esposa e sendo agraciado com a sua companhia.
É um previlégio ímpar!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Tempos do Técnico V

Havia na altura no ramo de Engenharia Civil uma rapariga que toda a gente no Técnico chamava de Belinha. Francamente nunca soube se esse era seu nome.
A mulher era na realidade um espanto: 1,80mt, anca pronunciada, perna alta, bem feita, seios proeminentes. Parecia a namorada do Roger Rabit no filme "Quem tramou o Roger Rabit". Era capaz de levantar o pessoal na esplanada da pastelaria Suíça em pleno Rossio.
Uma vez subiu as escadas rolantes da estação de caminhos de ferro do Rossio à minha frente. Era interessante olhar para trás e analisar quem descia. Eram só pescoços torcidos, com caras incrédulas perante a imagem que se cruzava com eles.
Ela usava sempre enormes decotes, com os seios quase de foram e rachas nas saias quase até à cintura. Poderia ser um mamarracho, mas de facto não era.
Cada vez que nos cruzávamos com ela nos corredores do pavilhão central, sentávamo-nos logo nos bancos mais próximos, fazendo gestos e trejeitos pouco próprios, vindo depois à baila sempre a mesma conversa sobre questões de virilidade masculina:
Será que nós nos aguentávamos na cama com um mulherão daqueles?
Começávamos por onde?
Nunca mais soube nada dela.
Bons tempos de faculdade!

Tempos do Técnico IV

Havia um colega meu, hoje homem e profissional bem conceituado na praça, que fingia que ía cuspir e tinha a mania de dizer:
É pá! Abre a boca que eu quero escarrar!
Parece agora ao longe uma enorme barbaridade suína, mas na altura não passava da normal irreverência estudantil.

Tempos do Técnico III

No Técnico, como toda a gente na faculdade, arranja um grupos de colegas mais chegado, com quem se partilha os bons e maus momentos académicos.
O meu grupo de pés desclaços viajava normalmente de transportes públicos.
Um dos mais utilizados era o Metropolitano.
Sempre que estavamos a chegar à estação do Intendente, fazíamos uma enorme algazarra:
Finalmente! Já chegámos ao Intendente!
Claro que com a fama da prostituição na zona, todos os passageiros pensavam que "íamos às meninas".
Quando o metropolitano parava na estação dizíamos:
Foi aqui que tíramos a carta de condução!
Na altura, agora não sei, a Direcção Geral de Viação era no Intendente.
Éramos uns putos provocadores, mas ......... foram tempos felizes, apesar de tudo.

Bons serões

Bons serões tenho passado ao som da Rádio RFM (preferida da minha esposa) ou da Rádio Europa-Lisboa (minha preferida).
Um livrinho na mão, boa música numa aparelhagem de alta fidelidade e nem se dá pela falta da televisão.
Só é pena que a leitura já seja feita numa fase do dia em que as forças já não são muitas.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Quem nasceu chinelo raramente chega a sapato

Ontem emparelhei o gravador de DVD chinês, com a televisão da cozinha, também chinesa, de uma marca que nem me lembro do nome.
Deram-se às mil maravilhas. Até parece que foram feitos um para o outro; beijinhos e abraços, amamo-nos profundamente.
Até na electrónica o sistema das classes sociais (quero dizer padrões de comportamento) funciona!
O termo poderá hoje em dia parecer um pouco em desuso, mas a realidade é que a imiscibilidade entre classes sociais distintas, mantém-se inalterada ao longo dos tempos.
Outro dia li numa revista (Sábado, penso), que é normal as famílias que vivem na Quinta da Marinha, terem grupos de relacionamento mais ou menos fechados, tirando as festas promovidas ou insentivadas pelos “mass media” e que servem para marketing pessoal.
Eu percebo e entendo.
Outro dia fui à “pré-inauguração” de uma pousada que uma tia da minha mulher pretende abrir no coração do Alentejo.
Apenas 6 quartos e uma sala de estar e jantar de grande requinte. Senti-me bem, muito bem. Livros à descrição para ler, grande parte deles em castelhano, porque não?! Bons sofás para manter uma agradável conversa, ou uma prolongada entrega por exemplo à leitura da vida de Estaline (do qual ainda tive a oportunidade de ler umas quantas páginas). Televisão, nem vê-la. Se quiserem, desloquem-se para os quartos, onde em cada um existe tal aparelho.
Estava sentado num dos confortáveis sofás e comecei a pensar para com os meus botões:
Este doce é de tal modo raro, que não é para qualquer boca. A grande maioria dos portugueses não conseguirá disfrutar de tamanha dádiva. Não estão habituados, não fazem parte do seu padrão de vida. Não se identificam com tal “modus vivendis”.
A questão não tem a ver com dinheiro. A questão tem a ver com berço e percurso de vida.
Daí que muitas vezes misturar conversas entre indivíduos de vários níveis sociais, pode revelar-se um verdadeiro tédio para um dos interlocutores. Solução: fechar-se sobre si próprio, preservando o direito à diferença.
Foi isso que faltou à linguagem do meu DVD e que aborreceu de tédio o meu televisor.

terça-feira, outubro 17, 2006

A televisão pifou

Após vários ameaços, a televisão finalmente entregou a alma ao criador.
Dá-se ao botão, mas nem geme, nem nada. Finou-se!
Depois de uma luta titânica, com um gravador de DVD chinês, comprado na loja dos 300, o meu televisor Sony, já cansado de 18 anos de bons e leais serviços, cedeu.
Nunca gostaram um do outro. Passavam a vida com quesílias e incompatibilidades. Acabou por ganhar o mais novo.
O televisor nunca se queixou do primo leitor de DVD também Sony. Agora, chinesisses sem marca, ele não admite. Sempre reproduziu sob protesto, imagens fornecidas pelo parceiro chinês.Chegou o momento de pôr um ponto final no assunto.
Culpados? Apenas eu, que optei por comprar “uma carcassa” por 30 contos, em vez de investir 200 em produto de qualidade. Em casa desde sempre tudo é Sony: alta-fidelidade, Mini-discs, DVD portátil, colunas transportáveis, eu sei lá.
Desta vez, meti os pés pelas mãos e......falhei.
Não me resta outra alternativa que não seja carregar o muribundo televisor às costas, para o levar à marca e saber se ainda é possível pôr o seu coração a funcionar de novo.
Passei boas e longas horas na sua companhia. Custa-me se tiver que me desfazer dele. Os primos mais novos (LCD) são uma possível alternativa, apesar de para já, a imagem não ter nem de perto nem de longe a qualidade do agora defunto.
Enquanto há vida, há esperança!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Tempos do Técnico II

Tive 2 disciplinas que me deram “água pela barba”:
- Electromagnetismo;
- Economia I.
A cadeira de Economia I foi a última disciplina que fiz antes da discussão do projecto final de curso.
Fiz exames atrás de exames e não conseguia ter um resultado positivo.
Quem diria que anos mais tarde haveria de fazer uma pós-graduação no ISCTE com 15 valores e ler apaixonadamente vários “best-sellers” de economia com o maior dos prazeres. Se calhar, outra idade...outra maturidade.
Lembro-me de um célebre dia me dirigir para o pavilhão central para ver o resultado de mais um exame de Economia I e encontrar a minha namorada (hoje minha esposa) sentada nas escadas a chorar.
Vários colegas que a conheciam de averem no Técnico, pensando que ela era aluna de lá, consolavam-na com uma palmada nas costas dizendo: “Deixa lá, fazes a cadeira para o ano que vem”
Quando vi a minha esposa a chorar, pensei: Outra vez! Não!!
Abeirei-me dela e disse-me: “Vai ver a nota”
Quando olhei para a pauta nem queria acreditar: 10 Valores! 10 Valores!! Passei!!!
Foi então que percebi, que o diploma estava próximo e o objectivo de ser Engenheiro, concretizado.
Sentei-me ao pé dela e lembro-me de termos chorado juntos.
Antes de entrar para o Técnico, olhava as escadas da Alameda e sonhava um dia poder subi-las. No fim do curso, só desejava descê-las e nunca mais regressar à Alameda.
Foi difícil! Muito difícil! Hoje com 19 anos de trabalho no lombo, aprecebo-me que valeu a pena.
Faço o que gosto!
Exercer Engenharia é de facto o meu grande hobby; independentemente da remuneração, que acaba por ser acessória.

Tempos do Técnico

Voltar ao Instituto Superior Técnico, fez-me reviver velhas lembranças; umas boas, outras más.
Lembro-me que passados largos anos, ainda acordava de noite suado com o pesadelo que me faltava fazer uma disciplina, ou a secretaria tinha perdido uma nota e tinha que fazer a disciplina outra vez.
Foram tempos muito duros e difíceis. Só quem passou por isso, pode realmente entender o que digo.
Não é por acaso que havia a máxima que dizia:
“Se todos os filhos da p... voassem, nunca se veria o sol no Técnico”

terça-feira, outubro 10, 2006

EADS Pegasus Road Show

No seguimento à minha visita ao Instituto Superior Técnico no passado dia 28, algo ficou por dizer.
O que foi o evento EADS Pegasus Road Show?
Tratou-se da vinda de funcionários da EADS, para angariar Engenheiros Aeronáuticos em fase final de formação, para as suas instalações ao redor do Mundo. Este ano pretendem contratar 3.000 Engenheiros, pelo que a sua função é visitar os vários estabelecimentos de ensino que ministram tal formação, assistirem às discussões dos projectos finais dos alunos e avaliar da sua capacidade para integrarem os quadros da Airbus, Eurocopter, etc.
Estava a assistir à palestra inaugural e a perguntar a mim próprio:
- Porque é que eu hei-de descontar cerca de 300 contos/mês, para financiar cursos sem saída profissional em Portugal?
- Porque é que eu hei-de investir dinheiro, para beneficiar países terceiros, neste caso, muito mais ricos do que o nosso?
Isto é um ultrage! Um roubo!! Um desperdício de dinheiro!!!

Já percebi como é que os cursos são criados neste País.
Um conjunto de professores reune-se. Precisam de trabalho.
Então, lembram-se de criar um curso de......Engenharia Aeronáutica (porque não?)
E assim, passam a ter emprego. Os desgraçados que abraçam o curso é que não fazem ideia que no final de 5 anos de suor e lágrimas, se iram encontrar todos no desemprego.
Quantos há nestas condições licenciados, por exemplo, em Relações Internacionais? Resmas! Pargas deles! Que acabam depois a fazer de tudo, excepto relações internacionais.

Portugal deveria planear os cursos à medida das necessidades do País.
Ora bem.....Médicos de Clínica Geral....... dentro de 6 anos são necessários X. Normalmente desistem 20%. Então devem entrar para o curso este ano 1,2X.
Engenheiros Aeronáuticos......necessitamos dentro de 5 anos de 2.
10!?!?!?!?! Não vamos criar um curso para sacar 10 Engenheiros Aeronáuticos!!! Vamos procurá-los ou formá-los fora.
Porque é que a UBI (Universidade da Beira Interior) há-de ter um curso de Engenharia Aeronáutica? Precisam de fazer cálculos para atirar ovelhas ao ar? Que indústria deste tipo existe na região? Nenhuma! Então que relação existe entre a Universidade e a Indústria? 0 (Zero)!
Que país é este!! Estão todos a dormir!!!

As instituições privadas, desde que não subsidiadas, podem promover os cursos que quiserem: astrofísica, inteligência canina, o que quiserem. Só os frequente, quem quiser ser otário e/ou endinheirado. Problema deles!

Agora, instituições gerida com dinheiros públicos...ai isso não!
Quando os recursos são escassos, há que geri-los o mais criteriosamente possível, por for a rentábilizá-los ao máximo.

De facto somos um país pobre....diria mesmo miserável, até nas idéias!
Idiotas isso sim, há muitos!! E chicos espertos, também!!!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Um dia vulgar

Ontem dia 3 de Outubro, como de costume saí do emprego às 18:30, após 8:46 minutos de trabalho.
Não me dirigi directamente para casa, porque tive que passar primeiro pela farmácia para comprar umas vitaminas, para ver se consigo passar o Inverno sem gripes.
Chego a casa por volta das 19:00 e como sempre encontro a minha mulher com um delicioso sorriso. A minha filha já está dento da banheira para iniciar o banho.
De repente a minha mulher grita dizendo que uma osga tinha entrado pela janela do quarto e fugido para trás do computador.
Para trás do computador!!!!!!!! Aquilo é só fios uns atrás dos outros!!!!! Como vamos desalojar a minúscula osga!!!!
Enquanto ela vai buscar um pano húmido, fico de sentinela ainda de mala na mão, não vá a dita cuja fugir para outro lado. Da casa de banho grita a filha porque ninguém lhe vai dar banho.
Começo a despir a farda de trabalho, sempre a olhar para a zona do computador. Chega a minha esposa com o pano e eu desloco-me para dar banho à filha, que está cada vez gritando mais.
Passado algum tempo, a minha esposa var ter comigo à casa de banho dizendo que a osga já tinha entregue a alma ao Criador.
Lavo a minha filha, tiro-a da banheira, enxugo-a e entrego-a à mãe para passar os cremes todos.
Chego ao quarto e lembro-me que nem sequer tinha guardado a roupa. Acção que passo de imediato a fazer.
Após a roupa arrumada, chamam-me para ir jantar.
Após o jantar, ajudo a levantar a loiça, guardo alguns produtos no frigorífico, sacudo e dobro a toalha.
Vou-me sentar um pouco na sala a ver televisão, lendo a revista Exame Informática que tinha chegado à caixa do correio. Isto já eram cerca das 21:00.
A minha esposa senta-se ao meu lado a assistir a um epissódio do Smalville.
22:00, cama, exausto.
O que tinha planeado fazer quando chegasse a casa:
à 30 minutos de bicicleta;
à Pôr o Totoloto via Internet;
à Estudar 30 minutos de Alemão ao deitar.
% de concretização do planeado: 0 (ZERO)

A verdade é que quando as duas estão em casa, não tenho tempo para fazer nada. Quando não estão, sou invadido por uma tal nostalgia, que não me apetece fazer nada.

Conclusão: apesar de não conseguir fazer nada do que planeio fazer, sou feliz. Feliz e agradecido por ter a família que tenho. Sou louco pelas duas.