quarta-feira, maio 31, 2006

Passeio a pé em Donauwoerth

Hoje dia 16 de Maio choveu e trovejou todo o dia. Como o meu gabinete é num pré-fabricado metálico, por vezes o barulho chegava a ser ensurdecedor. Fez-me lembrar as estadias no Meco quando está mau tempo. Para a tarde o tempo melhorou um pouco. Fui jantar ao McDonalds, como de costume quando estou só. Estacionei o carro no parque do hotel e deu-me uma enorme vontade de passear. Meu dito, meu feito. Tirei o guarda-chuva do porta-bagagens, não fosse chover e pus-me a caminho. Não é que pelo meio do bosque se chega com toda a facilidade a Donauwoerth? De carro são cerca de 4 Km, mas a pé é rápido; é sempre a descer. A volta é que é um pouco mais complicada, mas como pretendo fazer exercício dia sim dia não, já não custou muito. O corpo vai-se habituando.
Bonito e verdejante bosque, belas fachadas de edifícios, todos excelentemente conservados. Um rio Danúbio majestoso e agora tranquilo após o degelo. Tirei inúmeras fotos com o telefone. Todas bem bonitas. Não me importava de viver aqui se pudesse ter a família por perto. Cá estou eu outra vez a defender a Alemanha. Maldito vício. Mas, conhecendo meio Mundo, isto é de facto diferente.
Um passeio que tenho na cabeça é ir no Inverno a Interlaken na Suíça e subir o monte Juengfrau de comboio. Deve ser algo de inarrável. Vamos a ver......

segunda-feira, maio 29, 2006

Mistérios

Há por vezes situações na vida verdadeiramente inexplicáveis. Acabei de perder um cunhado que adorava. No entanto na dor, fui encontrar uma cunhada com quem falava, mas que na realidade desconhecia.
A vida tem mistérios difíceis de entender.

Para ti

Cunhado, à cerca de uma hora fui levantar as tuas cinzas. Doeu, doeu muito. Eu gostava muito de ti. Fico com a sensação que podia ter disfrutado mais da tua companhia. É a tristeza de não te voltar a ver.
Fica bem querido Cunhado. Descansa em paz.

PS: Não chateies o S. Pedro com motas, carros e gajas. Cuidado com as anedotas!

Para ti

Querido Cunhado, com esta é que me apanhaste desprevenido. Hoje é o dia do teu funeral. Sabia que adoravas guiar depressa, de andar de mota sentindo o ar a atravessar-te a cara. Eras feliz na tua liberdade. Tantas vezes te disse para fazeres uma condução defensiva; tem cuidado com os outros; à velocidade a que guias, um erro alheio dá-te pouca margem de manobra. Agora estou à espera das 17:30 para me despedir de ti. Malandro, roubaste-me uma preciosa peça do puzle do meu coração. Não se faz.
Ontem tive que ir a Beja reconhecer o teu corpo; que grande pancada que deste. Felizmente já lá não estavas. Pelo caminho encontrámos o sítio do acidente. O Pedro encontrou parte dos teus óculos. Num parque de sucata mais à frente encontrámos a tua mota e o carro que se atravessou na tua frente. Mal tiveste tempo para travar. As tuas calças ensanguentadas deixámo-las dentro do carro. Já não te vão servir para nada.
Ontem obrigaste-me a ter o pior dia da minha vida. Aqui em casa uns choram, outros contam passagens da tua vida. O teu harém está em peso. Conseguiste o impossível: juntar o mulherio todo.
Já não consigo chorar mais.
Sinto tantas saudades tuas.
Como me costumavas dizer, fica bem, onde quer que estejas.

sábado, maio 20, 2006

XU

XU não fiques zangada, porque não me esqueci de ti. Só que tu já fazes parte da prata da casa. Mulher decidida, impetuosa, desconfiada, excelente conversadora, amiga do seu amigo. Adorei a tua companhia durante aqueles memoráveis dias.
Também adorei o jantar com os teus pais. Simpáticos, extrovertidos, puros de alma. Qualidades pouco comuns nos dias que correm.
Não te esqueças de dizer ao teu pai que já comprei um bastão para ir fazer com ele uma caminhada ao Gerês. Ele que não se esqueça de mim.

Porto (Mi e Carlos)

Vamos parar de falar na Alemanha, porque parece facciosismo. Na verdade ainda há pouco tempo tive o previlégio de ir ao Porto com a minha mulher e a minha filha.
Lá encontrei um estar bem diferente do das gentes de Lisboa. Conheci pessoas de uma singeleza e simpatia, que eu pensava já terem desaparecido do planeta Terra, coordenadas Portugal.
De repente, senti-me como que transportado aqui à Alemanha. A Mi e o Carlos são daquelas pessoas com as quais nem sequer é preciso conversar. Estar apenas na presença delas é o bastante para aquietarmos os nossos corações e sentirmo-nos invadidos por aquela sensação de bem estar, que só se consegue sentir junto de meia dúzia de pessoas muito especiais. É como abrir aquela garrafa de vinho com mais de cem anos. Não há pressa na sua deglutição. Primeiro tira-se a rolha e deixa-se o vinho respirar; sentir a sua hora de libertação. Cheira-se a rolha, conversa-se um pouco, saboreia-se o ambiente que nos rodeia. Só por fim se verte no copo o precioso líquido. De início apenas um pequeno gole como se fosse o último e por fim então bebe-se o delicioso néctar.
Fiquei fã de tais gentes do Norte. A família do meu pai é do Porto. Lembro-me dos tempos passados em casa da minha madrinha. Era pequeno na altura, mas o paladar é o mesmo.
A minha esposa quer lá voltar pelo S. João. Não há como dizer não. Absolutamente!

quinta-feira, maio 18, 2006

Alemanha II

Não fosse amanhã ter de me levantar às 6 horas da manhã, e eu hoje ainda ía dar um valente passeio pelo meio do arvoredo, contemplando a Natureza. Gosto demais desta zona da Alemanha. As pesoas são simples e educadas.
A vida aqui parece simples; é simples. Quando se compara qualquer noticiário em Portugal, com a notícia do pai a estrangular a mãe ou os filhos à faca, as filas de trânsito, ou o stress diário, com a vida aqui vivida, parece que estamos a falar de outro Continente. Aqui as pessoas são alegres, bem dispostas, como se fossem feitas à imagem da Natureza. Para quê enervarmo-nos?
A produtividade é extremamente elevada, o nível de vida também. Materialmente nada falta e a Natureza faz o resto.
Às vezes até para mim é difícil de entender.

Alemanha

Hoje é dia 15 de Maio. Aqui estou no quarto do hotel do costume em Donauwoerth, contemplando da janela o magnífico jardim verdejante pintado com árvores multicolores que se espraia diante dos meus olhos. Não fossem as saudades das minhas meninas e o ambiente era perfeito. O contacto com a Natureza aqui faz mais sentido. Nós sentimos que fazemos parte Dela. Os campos a perder de vista estão vestidos de amarelo e verde, como as cores da bandeira brasileira. Nem só a neve é bonita. A Primavera é linda nesta zona da Alemanha. Da janela do avião avistam-se os lagos circundados pela planície onde pupulam florestas que descontinuam os campos pintados. Ao fundo, os Alpes imóveis, como que me tentam roubar a vez para ver a vista, ainda pintados de branco nos seus picos, como que nos lembrando a sua profícua idade. Dá quase vontade de chorar. É lindo! Lindo!