terça-feira, dezembro 12, 2006

Obrigado Mãe

Mãe, este fim de semana apercebi-me, que nunca te agradeci a dádiva que me deste ao longo de todos estes anos: abnegação, incentivo, ombro amigo, minha âncora.
Tu foste a pessoa que abdicaste dos teus sonhos pessoais, para que eu pudesse viver os meus.
Sempre estiveste ao meu lado, nos bons e maus momentos.
Lembras-te de teres largado o almoço para me ensinares para que lado o “g” voltava à perna? Estava eu na 1ª classe e nesse dia desesperado, porque não o conseguia desenhar.
Levaste-me várias vezes ao enfermeiro para cozer a minha cabeça, quando caía de bicicleta ou levava uma pedrada.
Ensinaste-me a ler. Ajudaste-me a ganhar o gosto pela leitura e por saber sempre mais.
Estiveste sempre presente quando estava doente.
Orientaste-me e apoiaste-me sempre que chorava por ter fracassado num exame no Técnico.....e quantas vezes isso sucedeu.
Nessa altura acredistaste muito mais do que eu, nas minhas capacidades.....e tinhas razão. Quando chumbei o ano, não saiu uma única crítica da tua boca. Apenas palavras de incentivo: “Deixa lá! Tu consegues! Tu és um homem de fibra!”
Pelo tempo fora, a tua presença foi constante. Seguiste-me sempre como uma sombra.
Com os namoricos, aconselhaste-me sempre, num suave tom de voz: “Olha que aquela rapariga não é boa companhia para ti....” e provava-se que tinhas razão.
Incestivaste-me para que me rodeasse de amigos, apesar de te deixarem a casa numa revolução, que tinhas depois de arrumar. Fez-me bem, preencheu-me o espaço do irmão que não tive. Fez-me ver outras formas de ver as coisas. Desse tempo ainda tenho muitos verdadeiros amigos.
Soubeste aguentar firme sempre que caía, mas nunca me deixaste desanimar.
Nos tempos financeiramente menos bons, foste uma mulher com um crer, uma garra, uma vontade de vencer, um acreditar que as coisas iriam melhorar, que mais nada me sobra, senão ajoelhar-me perante tal demonstração de força e de carácter. A verdade, é que até nesses tempos, pouco ou nada me faltou.
Passaste-me pacientemente, todos os ensinamentos que sobretudo teu avô sabiamente te legou.
Fizeste de mim aquilo que ambicionavas: um homem.
Foste sempre o meu porto seguro, fosse qual fosse a situação.
Apesar dos carinhos que sempre te faço, dos beijos e abraços que te dou, acho que nunca te agradeci o suficiente.
Por tudo: pelo amor, pela dedicação, pela profissão que não tiveste, pelos teus sonhos pessoais que não tiveste tempo de concretizar.
Não sei por quanto tempo estaremos vivos os dois, mas não posso deixar passar mais tempo sem que humildemente te agradeça por tudo o que fizeste desinteressadamente por mim.
Eu sei que estas coisas não são para se agradecer, são para serem legadas a terceiros: à minha filha. Tentarei fazê-lo, apesar de duvidar se alguma vez serei capaz de o fazer da mesma forma brilhante como o fizeste comigo.
Se ao longo destes anos todos nunca te expressei o que escrevi agora, não foi por mal, não foi por que te desse menos importância. Foi porque, como para mim estás muito acima de tudo o que é mundano, porque sempre te encarei quase como sobre-humana (a minha rocha, a minha âncora), por vezes me esqueci que também és de carne e osso como eu; com fragilidades idênticas à minha e que heroicamente nunca as demonstraste.
Aqui fica para que conste a minha mais profunda gratidão e orgulho por ter a mãe que és.
Teu filho, hoje e sempre.

4 comentários:

Anna^ disse...

Depois de um testemunho tão emotivo resta-me deixar um beijo enorme para essa Mãe/Mulher,que tive o prazer de conhecer;
Um beijo grande para ti Artur,pelo Filho que tens sido e pelo Pai que és!

Vilma disse...

Uma pequena grande mulher! :))

Lucia disse...

Já me conseguiste deixar de lágrima no canto do olho...
Gostei muito de ler o testemunho, pois por vezes não dizemos a quem mais amamos o quanto são importantes para nós e quando o queremos fazer ás vezes já é tarde mais...
Um beijinhos grande para o filho e outro para a mãe...

Xuinha Foguetão disse...

:)

Tão lindo!

Um beijo para os dois.