quarta-feira, junho 21, 2006

Governantes portugueses

“ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”
(Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora”)

Este artigo tem quase 140 anos e está mais actual do que nunca.
Na realidade, o importante não é tanto o que o governo de Portugal pode fazer por nós, mas bem mais, o que cada um de nós pode fazer por Portugal.
Apesar disso, é sempre importante que do topo da hierarquia venha o exemplo a seguir, bem como políticas concertadas com a oposição, que possam ser postas em prática a médio e longo prazo. Se formos a ver, com a globalização, e as presentes orientações económicas internacionais, que diferenças podem existir de facto entre os programas de governo do PS e do PSD?
Não será mais do que altura, em nome do desígnio nacional, definir-se uma plataforma de entendido entre os partidos que representam mais de 2/3 do eleitorado?
Os países como as empresas, as pessoas, aliás tudo na vida, nascem, crescem, vivem e morrem. Multiplos países florescentes no passado, desapareceram do mapa, enquanto tais. No entanto, como português, não gostaria que tal acontecesse a Portugal.

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