quinta-feira, novembro 10, 2005

Veneza

A 2ª paragem que fizémos foi em Veneza, onde ficámos 2 dias.
Nesse dia o almoço a bordo atrasou-se. Já deveria ter terminado, quando o navio entrasse no Grande Canal de Veneza.
Assim, fomos todos almoçar já com máquinas de filmar e fotografar à tiracolo.
O almoço ainda estava a meio quando pela janela verificámos que estávamos a chegar. Comecámos a olhar uns para os outros. Todos queríamos levantarmo-nos da mesa a meio da refeição e ir ver a paisagem. No entanto, o decoro não o permitia. O barco ia-se aproximando da costa e......não dava mais. Um dos passageiros, levantou-se e claro, muitos outros seguiram-lhe o exemplo, entre os quais, eu.
Subi até à plataforma que fica ao nível da cabine de comando; i.e., +/- 6 andares de altura. A vista era soberba!
O grande canal, tem um movimento desusado de pequenas embarcações que pupulam de um lado para o outro. Esta imagem, associada aos imponentes edifícios que ladeiam as suas margens, é algo de inesquecível. Passámos pela praça de S. Marcos e fomos atracar um pouco mais à frente.

Quais são de facto as diferenças entre esta e qualquer outra cidade? Todas!

1º Não existem automóveis. As deslocações são feitas de barco ou a pé.

2º Não existem autocarros. Existem sim barcos, que atracam em diversas paragens programadas para recolher e libertar passageiros. A atracagem é apenas um homem que segura o barco com uma corda enquanto hover movimento de passageiros. Quando termina, larga a corda e o barco segue viagem.

3º Existem táxis,....., mas que são barcos. Um dia ao fim da tarde apanhámos um. Chamam-se como se chamam os táxis em Lisboa. Levanta-se o braço para chamar a atenção. Só que aqui existe uma pequena diferença: como os barcos circulam afastados da costa, é preciso dar também um grito ou uma assobiadela, para chamar-mos a atenção.

4º Existem prédios, que só têm saída para um diminuto cais, onde os barcos particulares se encontram atracados. Estes são normalmente estreitos e compridos, para facilitar a passagem de uns pelos outros, nomeadamente nos canais mais estreitos.

5º Existem também prédios degradados, tal como em muitas cidades. Aliás as ruas (vielas) à noite são mal iluminadas e a partir das 23:00, não se vê ninguém na rua. O centro de Veneza, não tem qualquer vida nocturna. A fraca iluminação, conjugada com as intrincadas vielas, favorecem os larápios. Talvez também por isso, o movimento cessa a partir desta hora.

6º A Praça de S. Marcos faz um pouco lembrar a Praço do Comércio em Lisboa. Circundada por edifícios com arcadas nos pisos térreos, onde sobretudo existem cafés com esplanas e restaurantes, alguns com música ao vivo (na sua grande maioria, música mais clássicista, como manda o figurino). Pombos são às centenas, bem como existem retratistas fotógrafos e caricaturistas para todos os gostos, como aliás hoje é corriqueiro nas maiores cidades europeias.

Visitámos o Palácio dos Médicis, que tem um interior de grande opulência, de acordo com o poder comercial que a família detinha em épocas passadas. As paredes estão ornamentadas com grandes quadros, alguns do tamanho da própria parede, assinados por pintores consagrados. Não sendo conhecedor de pintura, devo confessar, que a grande maioria das telas, quase todas descrevendo paisagens ou cenas da vida quotidiana, apresentam uma qualidade de execução acima de qualquer suspeita.

Um dia à noite, como não podia deixar de ser, lá fomos passear de gondula nos canais ouvindo uma serenata. Os barcos por serem estreitos, não têm grande estabilidade transversal, mas o passeio romântico é algo digno de ser repetido. Como se tratava de uma excursão, num barco iam os músicos e cantores e nos restantes, nós os turistas. Tal com se vê nos filmes, os barcos são a remos, indo o piloto de pé na retaguarda do barco. O barco avança através de movimentos transversais do único remo que utilizam. Os barcos têm pequeníssimas lanternas. A luminosidade da cidade também não ajuda, pelo que no seu todo passeamos com apenas uma pequena penumbra, o que torna as coisas ainda mais românticas.

É de facto uma cidade diferente, imponente, mas na qual não gostaria de morar.

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