Na zona da Baviera outra coisa que me impressionou, foi a quantidade de pessoas que se deslocam de bicicleta.
A maioria das estradas têm 3 zonas: a destinada aos automóveis, ladeada dos dois lados por uma pista para bicicletas, e depois a parte pedonal (apenas nas proximidades das localidades).
A Baviera é uma zona praticamente plana, pelo que se presta exemplarmente a este tipo de transporte. É fácil a muitos quilómetros de distância avistar os Alpes, face à diferença de altitudes. Por exemplo da torre de telecomunicações de Munique, em dias claros, vê-se perfeitamente grande parte da cordilheira alpina. Não nos esqueçamos que estamos a cerca de 150-200 Km de distância.
Em Munique, junto às estações de comboio, vêm-se centenas de bicicletas perfiladas. Até faz confusão como conseguem reconhecer a sua.
Em Munique como nas povoações mais pequenas, como seja Donauworth, Augsburg, Rothenburg, Nordlingen, as senhoras usam na traseira das bicicletas, cestos. Nestes pousam as suas malas e quando chegam ao comercial tradicional local para fazer pequenas compras, descem o descanso da bicicleta, pegam na sua mala e vão às compras. Quando regressam pousam as compras no cesto e se houver espaço a respectiva mala.
Vi por variadíssimas vezes, senhoras que no lugar dos cestos tinham cadeirinhas de bébé. Assim se deslocam acompanhadas dos seus filhos. Mais interessante, as cadeiras possuem nas costas da mesma um gancho (a minha também tem, mas não fazia idéia para que servia), que tem como finalidade poderem pendurar a respectiva mala. Vi dezenas de casos. A mala está perfeitamente fora das vistas da própria enquanto circula. Pondo a mentalidade portuguesa (não, latina) a funcionar, que maravilha seria esta pratica para os nossos carteiristas.
Cá estão novamente as diferenças socio-culturais a trabalhar.
Para finalizar, gostaria de relatar um pequeno episódio que se passou comigo e outros colegas. Ao passearmos nas ruas de Munique, íamos destraídamente olhando para as lojas, as fachadas dos prédios,......., enfim, para todo um mundo diferente daquele a que estamos habituados a ver diariamente. Por vezes, saíamos do passeio e pisávamos a pista das bicicletas. Imediatamente um ciclista tocava a campainha, para que saíssemos do caminho. Aquele sítio é deles e de mais ninguém. Ao final de 3 ou 4 situações idênticas, começámos a comportar-nos como verdadeiros alemães.
Esta organização, este conhecimento e respeito onde se inicia e termina a liberdade de cada um, permite uma convivência feliz, que se encontra estampada na cara da grande maioria da população; situação que infelizmente não se verifica em Portugal.
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