domingo, agosto 28, 2005

Alemanha – Kochel-Walchensee

Um dos passeios que fazem parte da tradição ao fim de semana, é ir evidentemente conhecer os Alpes.
Uma vez numa reunião de trabalho em França, perguntei porque é que eles iam fazer ski para os Alpes, quando tinham os Pirinéus tão próximos. A neve não era a mesma? Fez-se de imediato silêncio. Tinha cometido a gafe do século. Qualquer praticante sabe que a neve dos Alpes é muito mais dura, compacta, pelo que se presta melhor à prática do ski. Para além disso, as paisagens são incomparáveis. Vim a descobrir isso, uns anos mais tarde.
Bom, num célebre Sábado (ou Domingo), os 5 magníficos metem-se dentro do seu Chrysler Voyager 3,3l a gasolina de caixa automática e tomam a autobhan para os Alpes.
Numa determinada altura, já numa estrada secundária, o meu navegador enganou-se e metemo-nos por uma estrada que não era a previamente definida.
A dada altura, ele olha para o mapa e diz-nos: a seguir aquela curva, vamos ver um lago. Tratava-se do Kochel-Walchensee. Saio da curva, e deparasse perante nós uma paisagem, que apenas tinha visto nos calendários que por vezes me oferecem no início de cada ano.
Encostei o carro à direita, sem sequer fazer pisca-pisca à boa maneira portuguesa. Saímos do carro e durante 10 a 15 minutos não conseguímos proferir uma palavra que fosse entre nós. A mim, vieram-me as lágrimas aos olhos. Era indiscritível a beleza que se deparava perante nós.
Um lago espelhado, ladeado ao fundo por uma enorme cadeia montanhosa coberta de neve nos picos e montanha abaixo, como se fosse um creme branco derramado em cima de um bolo. O silêncio era sepulcral, entrecortado com o chilrrear dos pássaros. A imagem da montanha encontrava-se igualmente visível nas águas do lago. No meio das montanhas inundadas de uma espessa floresta, encontravam-se casas senhoriais e palácios perfeitamente integrados na paisagem. Deus certamente morava ali!
Sentados nos bancos que ladeavam o lago ali estavam 5 criaturas que nem fotografias tiravam, porque o seu cérebro não conseguia entender o que estavam a ver. Majestoso! Indescritível! Algo não produzido pela mão humana, mas certamente por uma entidade muito superior, com um enorme sentido estético. Ainda hoje me arrepiu do que os meus olhos viram.
Pensando bem, não vou escrever mais nada sobre este assunto. Sinto que estou a profanar algo divino.
Paisagens como esta, não se descrevem, não se fotografam, nem sequer se filmam. Apreciam-se doce e lentamente ao vivo, permitindo que os nossos neurónios tenham o tempo suficiente para que lentamente e sem perder um bit de informação a absorvam em toda a sua plenitude.

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