Em tempos colaborei na produção de componentes para o avião Macdonnell Douglas MD-11 com uma empresa americana.
Como é habitual em todos os projectos, houve troca de documentação escrita, conversas telefónicas, enfim tudo o que é normal passar-se entre empresas ou seres humanos, para que haja uma conjugação de esforços para um fim comum.
Numa célebre reunião em Portugal, em que os ânimos já estavam quentes por diversos motivos, tenho pessoalmente um desentendimento com um americano, sobre um determinado assunto (de que já não me recordo). A linha de produção deste avião aliás, até já se encontra desactivada neste momento, tendo inclusivé a companhia sido absorvida pela Boeing.
Eu fixo-o nos olhos e pergunto-lhe:
- Então na última conversa telefónica, não tínhamos chegado a um acordo sobre este assunto?
Ele, com um ligeiro sorriso nos lábios, e em voz alta para toda a assistência ouvir, responde-me:
- Está escrito? O que não está escrito não existe!
Existem coisas que se aprendem nos livros. Por isso, todos os dias faço um esforço para ler um pouco e ser amanhã, um pouco menos ignorante que hoje. Existem outras, que só a experiência nos ensina. Aliás, aprende-se mais com as más experiências do que com as boas. O espírito humano eleva-se mais nas derrotas, do que nas vitórias.
A partir dessa data, todos os assuntos relevantes têm que me ser postos por escrito.
Já lá vai o tempo em que um aperto de mão era suficiente e as pessoas moviam céus e terras para o honrarem. Hoje, os tempos são diferentes, um pouco mais difíceis. As pessoas têm que se resguardar, pelo que a metodologia tem que ser diferente.
1 comentário:
Tempos bons em que o meu pai fazia negócios apenas com um aperto de mão! São os tempos! São os tempos!
Enviar um comentário