sexta-feira, agosto 19, 2005

Punta del Mural - Frota pesqueira espanhola

Enquanto estive de férias, pude observar na baía confinada entre Punta del Mural e Isla Cristina, a frota pesqueira espanhola. São na sua grande maioria barcos de calado superior aos nossos e preparados para pesca de arrasto mecánico. O volume e tamanho da frota, não pode ser comparada com qualquer porto de pesca português que conheço. É de facto impressionante!
Da varanda do hotel, podia-se ver a saída da barra. Todos os dias úteis, os barcos (ou pelo menos uma boa parte deles), saíam para as lides da pesca. Tinham todos um ponto em comum: rumavam sempre em direcção sudoeste; i.e., entrando em águas territoriais portuguesas, não sei se para aí pescarem ou para se dirigirem às águas de algum país do Magrebe.
É fácil de perceber, que se toda a Espanha apresenta uma frota pesqueira deste calibre, não há fauna piscícola que resista nas águas territoriais espanholas. Daí a necessidade de rumarem para outras paragens,....., nomeadamente as nossas.
As zonas de banhos nas praias que frequentei, são delimitadas por bóias ligadas por cordas. Em dois dias e de forma concertada, várias embarcações fizeram arrasto a pouquíssimos metros destas. A idéia, julgo que seja a apanha de conquilhas, que do lado português são apanhadas pelos banhistas remexendo a areia com os pés, ou “de uma forma mais profissional”, usando redes agarradas a gadanhas presas pela cintura dos solitários pescadores. Assim se vê a diferença de concepção da arte entre os 2 países. Concepção industrial por parte de Espanha; concepção artesanal por parte de Portugal.
Não digo neste caso que o nosso procedimento esteja errado! Se calhar é aquele que melhor conserva o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentado das espécies. A frota espanhola devora tudo o que encontra, e é dificilmente confinável dentro das suas águas territoriais. A meu ver, o problema agrava-se com a abolição das fronteiras no espaço comunitário e a abertura progressiva da nossa zona económica exclusiva às embarcações espanholas.
Será que poderemos ter força junto das instâncias internacionais para resguardar um dos poucos recursos naturais abundantes que temos, de predadores estrangeiros? Mais, será que ainda faz sentido em apelidar os espanhóis de estrangeiros?
Eu sou um modestíssimo pescador de costa à linha. Em Portugal cada vez se apanha menos peixe. Poderia ser devido à minha falta de engenho e arte, mas quando converso com outros companheiros de hobby, todos me dizem que cada vez é mais difícil apanhar peixe. Do lado espanhol, nunca vi ninguém a pescar à linha em águas exteriores.
É urgente preservar com todas as nossas forças este enorme mar que nos protege.