terça-feira, abril 18, 2006

A indústria em Portugal

Ontem no meu telemóvel, encontrei uma passagem que escrevi durante uma das minhas deslocações à Alemanha e que a determinada altura, reza assim:

“....no entanto, nestas agora deslocações semanais à Alemanha, pelo menos deu-me para confirmar aquilo que já sabia há muito: modéstia à parte, profissionalmente não chegam aos meus calcanhares. Aliás, outros colegas meus tiveram já o mesmo sentimento. Nesse caso, porque não singra a nossa indústria? Se singularmente somos melhores que eles, o que na realidade falta? Espírito de corpo, de grupo, excesso de individualismo?”

A semana passada li um artigo escrito por um jornalista inglês que dissertava sobre o enorme volume de investimentos que neste momento estão a ser realizados em Portugal em várias áreas. Com a globalização, a abertura dos mercados de leste, o incremento do poderio económico-financeiro da China e da India, tais investimentos em Portugal parecem um paradoxo; nunca se deveriam realizar.
Andarão os investidores a dormir, ou há de facto condições preferenciais para optarem por realizar tais investimentos em Portugal?
A resposta que ele deu, faz algum sentido.

Vantagens de Portugal:
Bons meios de comunicação/transporte;
Sociedade informática desenvolvida;
Baixos custos de mão-de-obra, apesar de tudo;
Relacionamento preferencial com os países de língua oficial portuguesa.

Desvantagens:
Deficiente “Management” (Gestão);
Deficiente qualificação profissional, ou mal adaptada às necessidades.

Para empresas multinacionais, o problema da má gestão não se põe, visto tais modelos e profissionais serem importados dos países de origem. A formação profissional, também a podem providenciar com cursos de formação quer em Portugal, quer no estrangeiro.

Assim, para as multinacionais, Portugal continua a ser um mercado atractivo ao investimento.

Agora, o que fazer com a multiplicidade de pequenas e médias empresas nacionais, que representam mais de 2/3 do nosso tecido empresarial? O que fazer com os donos/ gestores destas empresas que maioritariamente possuem como habilitações literárias a 4ª classe? Que significado têm para eles, conceitos de gestão como sejam:

· Valor acrescentado líquido
· Taxas internas de rentabilidade
· Custos vs investimentos
· Passivos, activos, etc.

Este é que julgo ser o grande problema do nosso país, agudizado com a nossa cultura obsoleta do “orgulhosamente sós” que ainda impera em muitos de nós.
Se somarmos isto à deficiente instrução, fruto também da revolução de Abril e não só, que futuro nos espera, pelo menos nos tempos mais próximos?

Sem ser socialista, entendo que o nosso governo, está a “meter a mão na massa” abolindo antigos tabus e reformando serena mais firmemente os vários sectores da economia. Parte das medidas lançadas, só terão repercussões a médio prazo. Temos que ser pacientes. No entanto, a grande reforma deverá ser feita ao nível do ensino, tanto superior, onde os cursos deverão se aproximar mais das necessidades do mercado, como na estimulação dos cursos profissionalizantes.
Na Alemanha a grande maioria dos quadros com que contacto, não são Engenheiros (termo que eu não gosto muito de pronunciar). Um Engenheiro não é nada. Quanto muito serão técnicos especializados de... No Reino Unido, a palavra “Engineer” não tem grande relevância. Um técnico de Pneumática, pode não perceber nada de Desenho Assistido por Computador ou Cálculo Automático....

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