quarta-feira, outubro 05, 2005

Nova deslocação a Munique (III)

Percorrer as auto-estradas alemãs (autobahn), nada tem a ver com as nossas.
Estão bem assinaladas, existem placards verticais electrónicos de x em x quilómetros, com indicações, como seja:
- limitação de velocidade, que depende das condições climatéricas e fluxo de tráfego;
- possível existência de engarrafamentos e possíveis itinerários alternativos;
- etc.

As auto-estradas de 2 faixas, normalmente estão limitadas a 120km/h das 8h da manhã às 6h da tarde, sendo livres no restante horário. As de 3 faixas é exactamente o contrário.
É interessante circular a 140-150Km/h e sermos abanados por veículos que circulam a 250, 260, 270 Km/h.
A verdade é que me sinto bem mais seguro nestas vias, do que em Portugal em que a velocidade é limitada sistematicamente a 120Km/h:
- usam sempre os intermitentes quando mudam de via, nós a maior parte das vezes não;
- circulam sistematicamente o mais à direita possível;
- respeitam os condutores que vão na sua frente a ultrapassar a velocidades mais reduzidas, sem emitirem sinais sonoros ou luminosos.

É também verdade que a geometria das auto-estradas na Alemanha é diferente das portuguesas. As curvas são por exemplo, menos acentuadas. Na Alemanha uma auto-estrada como a de Cascais, seria certamente limitada em termos de velocidade....mas, por exemplo a auto-estrada para Badajoz ou para o Algarve, pelo menos em alguns troços, certamente que não.

É também um facto que os automóveis são invariavelmente de categoria superior aos nossos, mas por vezes o facto de andarmos sistematicamente “guilhotinados” a 120Km/h, leva-nos a tomar decisões erradas (impulsos expansivos) em estradas secundárias. Seria preferível autorizar em vias abertas e de pouco trânsito, que as pessoas pudessem dar asas à sua liberdade de condução, e nas estradas secundárias aí sim, recatarem-se a velocidades mais moderadas, cumprindo escrupulosamente o código da estrada.

A repressão sistemática do ser humano, impondo limitações/restrições de comportamento, leva mais tarde ou mais cedo a uma explosão da necessidade de incumprimento do estipulado; a uma necessidade de quebrar as grilhetas que nos prendem. Quem é que hoje em dia possui automóvel e pelo menos uma vez na vida não foi experimentar qual a velocidade máxima que o carro consegue atingir? De certeza que infligiu o código da estrada, porque todos os veículos à venda no mercado ultrapassam o limite estipulado de 120Km/h!
Não será mais perigoso ser-se obrigado a conduzir a 120Km/h, por exemplo de Lisboa a Madrid, onde em mais de 50% do percurso não se encontra ninguém, do que permitir outras velocidades, para evitar o efeito da monotonia, que só leva a desatenções na condução?

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